O primeiro passo para compreender o que é pneumonite é diferenciá-la da pneumonia.
Embora os dois termos se refiram a uma inflamação no tecido pulmonar, a pneumonia é causada por agentes infecciosos, como bactérias, vÃrus ou fungos, enquanto a pneumonite costuma ter causas não infecciosas.
A confusão entre os nomes é comum, mas na comunidade médica o vocábulo “pneumoniteâ€� é reservado para inflamações pulmonares provocadas por fatores diversos, como produtos quÃmicos, medicamentos, radiação ou reações alérgicas.
+ Leia também: Câncer de pulmão: a metamorfose de uma doença
Existe pneumonite alérgica?
A resposta é sim — e ela é mais comum do que se imagina.
Entre os vários tipos da condição, está a pneumonite por hipersensibilidade, também chamada de alveolite alérgica extrÃnseca, uma resposta inflamatória dos pulmões provocada pela inalação contÃnua de partÃculas orgânicas presentes no ambiente.
Essa exposição pode ocorrer no dia a dia, em casa ou no trabalho, e desencadear reações alérgicas pulmonares importantes. Dentre os agentes mais comuns estão:
• ProteÃnas de aves (presentes em penas e fezes de pássaros domésticos ou em travesseiros com penas);
• Ambientes com mofo ou umidade excessiva;
• �gua contaminada em saunas, hidromassagens, piscinas e aparelhos de ar-condicionado;
• Atividades ocupacionais como cultivo de cogumelos, produção de vinhos e cervejas, pintura com spray, entre outras.
Sintomas e riscos da pneumonite alérgica
A apresentação clÃnica da doença pode variar. A forma aguda apresenta sintomas como tosse, febre e falta de ar, semelhantes a um quadro gripal. Já a versão subaguda ou crônica manifesta tosse seca persistente, falta de ar progressiva e queda no desempenho fÃsico.
Na falta de diagnóstico e tratamento adequado, a exposição contÃnua ao agente causador pode levar a complicações graves, como insuficiência respiratória aguda ou desenvolvimento de fibrose pulmonar — um processo de cicatrização que compromete permanentemente a função respiratória.
Tratamento e prevenção: agir cedo é essencial
O primeiro passo no tratamento é afastar o paciente do agente causador da inflamação. O uso de medicamentos anti-inflamatórios pulmonares, como os corticoides, pode ser necessário, assim como, em casos mais graves, fármacos para conter a progressão da fibrose.
A prevenção inclui:
• Manutenção e higienização adequada de sistemas de ventilação e climatização;
• Evitar carpetes em ambientes úmidos;
• Controle da umidade abaixo de 60%;
• Limpeza frequente de umidificadores e vaporizadores com cloro;
• Identificação e controle dos agentes de risco no ambiente doméstico e profissional.
O diagnóstico precoce e o controle da exposição são fundamentais para garantir uma boa qualidade de vida e evitar sequelas pulmonares duradouras.
*André Apanavicius é médico pneumologista do Núcleo de Doenças Pulmonares e Torácicas do Hospital SÃrio-Libanês.
(Texto produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)
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