O câncer de próstata é um dos tumores mais incidentes entre os homens e representa um grande desafio no diagnóstico e acompanhamento da doença.
Nos últimos anos, uma ferramenta tem transformado essa realidade: o PET-CT com PSMA (Antígeno Prostático Específico de Membrana). Esse exame de imagem combina a precisão da tomografia computadorizada (CT) com a sensibilidade do PET, utilizando uma molécula radiomarcada que se liga de forma específica ao PSMA, proteína presente em altos níveis nas células tumorais prostáticas.
Precisão na detecção de metástases e recidivas
O PET-CT com PSMA se destaca por sua capacidade de identificar lesões muito pequenas — muitas vezes milimétricas — que passariam despercebidas em exames convencionais, como tomografia ou cintilografia óssea.
Essa sensibilidade é essencial para detectar metástases linfonodais e ósseas logo no início, além de localizar com precisão áreas de recorrência tumoral em pacientes que já passaram por cirurgia ou radioterapia e apresentam elevação do PSA. Na prática, isso permite um tratamento mais direcionado e eficaz.
Diferenciais do PET-CT com PSMA
Ao contrário dos métodos tradicionais, como a ressonância magnética e a cintilografia óssea, o PET-CT com PSMA avalia todo o corpo de uma vez só, oferecendo maior resolução e especificidade.
Estudos clínicos demonstram que o exame altera a conduta médica em até 50% dos casos, seja para confirmar a necessidade de tratamento sistêmico, seja para indicar terapias localizadas (como a radiocirurgia de metástases isoladas).
Além disso, reduz o risco de tratamentos desnecessários, já que mostra com clareza onde a doença realmente está.
Para quem é indicado
Atualmente, o PET-CT com PSMA é indicado principalmente para:
- Estadiamento inicial de casos de alto risco;
- Pesquisa de recorrência em pacientes com PSA detectável após cirurgia ou radioterapia;
- Avaliação de extensão da doença no cenário de metástases suspeitas ou confirmadas;
- Seleção de pacientes para terapia radionuclídica com lutécio-PSMA, que já conta com aprovação da Anvisa e foi recentemente incorporada ao Rol de Procedimentos da ANS, garantindo cobertura obrigatória pelos planos de saúde.
A terapia com lutécio-177 PSMA é uma modalidade inovadora que utiliza o mesmo alvo molecular do exame diagnóstico, porém com um radioisótopo terapêutico capaz de destruir as células tumorais de forma direcionada.
Estudos clínicos, como o VISION Trial, demonstraram significativa melhora na sobrevida global e na qualidade de vida dos pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração, apresentando perfil de segurança favorável e baixa taxa de efeitos colaterais graves.
Realidade e perspectivas no Brasil
O exame já está disponível em centros especializados no país, mas o acesso ainda é restrito, principalmente devido à necessidade de um radiofármaco específico, que é distribuído por poucos centros de produção no país, além das dificuldades logísticas e do alto custo.
A ausência de aprovação pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para cobertura obrigatória pelos planos de saúde e a indisponibilidade do exame na maioria dos centros públicos de saúde tornam ainda mais limitado o acesso da população a essa tecnologia revolucionária, que já modificou os parâmetros e perspectivas do acompanhamento dos pacientes com câncer de próstata.
(Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)