Um novo estudo recém-publicado por pesquisadores brasileiros propôs uma classificação atualizada para os padrões de marcha em pacientes acometidos por paralisia cerebral.
A ideia, segundo eles, é ampliar os grupos e melhorar as possibilidades de diagnóstico e tratamento, hoje limitadas por categorias que permanecem as mesmas desde 1987.
O trabalho foi publicado na edição de julho da revisa Gait & Posture, analisando 532 prontuários da AACD, e busca abranger todos os padrões de marcha identificados ao longo de duas décadas de observações.
O novo artigo consolida um estudo cujos dados preliminares tinham sido apresentados à comunidade médica em 2023, no congresso da Sociedade Norte-Americana de Ortopedia Pediátrica.
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O que a nova classificação sugere
Os pesquisadores apontam que, ao analisar os padrões de marcha identificados na AACD à luz da classificação de 1987, foi possível confirmar os limites da categorização tradicional. Cerca de 42% dos pacientes avaliados no Laboratório de Marcha da instituição não se enquadravam no modelo existente.
“A categorização vigente agrupa os pacientes com base nas alterações dos tornozelos, joelhos e quadris, considerando ainda as partes assimétricas dos lados direito e esquerdo, porém não considera alterações ósseas, como pés virados para dentro, por exemplo”, explica Mauro Morais, médico ortopedista pediátrico da Clínica de Paralisia Cerebral e coordenador do Laboratório de Marcha da AACD, um dos coautores do estudo.
De acordo com os experts, os padrões de marcha identificados no estudo podem ser contemplados atualizando o modelo de quatro para oito categorias.
Avanços com as novas categorias
“A nova classificação abrange todos os padrões de marcha que identificamos em vinte anos na AACD e permite direcionamento assistencial de todos os pacientes com paralisia cerebral hemiparética”, diz Morais.
A paralisia cerebral hemiparética ocorre quando a condição afeta um lado do corpo. Estudos anteriores em outros países já haviam demonstrado as limitações da categorização vigente há quase 40 anos, mas a pesquisa feita no Brasil conta com um grupo muito maior de casos observados, dando ainda mais subsídios para renovar a classificação.
Segundo o médico, a descoberta e consolidação desses novos padrões de marcha “impactam diretamente no diagnóstico e na assertividade do tratamento da patologia”.
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