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Novo tratamento para câncer de ovário reduz risco de morte em 33%



Mulheres com um tipo comum de câncer de ovário e que não respondem à quimioterapia com platina ganharam uma nova opção de terapia.

Nesta segunda-feira (1º), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o mirvetuximabe soravtansina (vendido como Elahere), um medicamento inovador desenvolvido pela farmacêutica americana AbbVie.

Esta é a primeira fórmula disponível no país para pacientes com cânceres ovarianos cujos tumores possuem os chamados receptores alfa de folato (FRα), um tipo de proteína expressa por células malignas que virou alvo de fármacos para atingir e destruir os tumores.

“É uma medicação que atende necessidades de uma uma doença desafiadora, para a qual não tínhamos novos tratamentos aprovados no país há oito anos”, afirma Fernando Mos, diretor médico AbbVie no Brasil.

Na terceira fase do estudo clínico Mirasol, cujos resultados foram publicados em 2023 no prestigiado periódico The New England Journal of Medicine, o medicamento reduziu em 35% o risco de progressão da doença e em 33% o risco de morte em comparação com o uso de quimioterápicos convencionais.

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Como funciona

O Elahere é classificado como conjugado anticorpo-fármaco (ADC), ou seja, é uma fórmula que combina um fármaco capaz de matar células de câncer com um anticorpo sintetizado para atacar uma proteína específica das células tumorais. É como um cavalo de Troia, que se liga à célula para invadí-la e, lá dentro, entregar um medicamento que a destrua. 

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A proteína, neste caso, é o FRα, que é expresso por 35 a 70% dos casos de câncer de ovário (as taxas variam a depender da população estudada).

“É uma forma de aumentar a eficácia do tratamento, certificando que ele destruirá as células do câncer”, explica a ginecologista Graziela Dal Molin, vice-presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) e diretora da Sociedade Internacional de Câncer Ginecológico (IGCS, na sigla em inglês).

O medicamento é indicado para pacientes com tumores em estágio avançado, que expressem o FRα e tenham parado de responder aos quimioterápicos a base de platina, que são o padrão de tratamento da doença.

“Com o tempo, o tumor pode se tornar resistente aos medicamentos convencionais. Nesse caso, o Elahere pode ajudar a controlar o quadro e a aumentar a expetativa e qualidade de vida das mulheres que convivem com a doença”, esclarece Mos.

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O remédio é aplicado de forma intravenosa, em ambiente hospitalar, a cada três semanas. “O uso pode ser feito continuamente, até quando estiver beneficiando a paciente”, afirma Dal Molin. “Não é um medicamento com efeito curativo, mas ele é eficaz no controle do câncer de ovário.”

O preço do medicamento no Brasil ainda não foi divulgado, mas, no exterior, cada ciclo do tratamento pode chegar a custar cerca de 18 mil dólares (equivalente a 98 mil reais).

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Câncer de ovário

De acordo com estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), aproximadamente 7,3 mil brasileiras serão diagnosticadas com a doença neste ano. É o terceiro câncer ginecológico mais comum, atrás apenas do câncer de colo de útero (17 mil casos) e o de corpo do útero (7,8 mil casos).

Não há exames de rastreamento da doença, o que dificulta o diagnóstico precoce da condição, que também não costuma apresentar sintomas no primeiro estágios.

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“Entre os principais sinais da doença, que tem início silencioso, estão a sensação de dor ou inchaço no abdômen ou na região pélvica, alterações no hábito intestinal (como diarreias, gases ou prisão de ventre), vontade frequente de fazer xixi, falta de apetite e presença de massa palpável na barriga”, lista Dal Molin.

“Mulheres com forte histórico familiar de câncer de mama devem fazer uma investigação genética para avaliar se possuem mutações dos genes BRCA1 e BRCA2, que também aumentam o risco de ter o câncer de ovário”, alerta a médica.

 

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