Um estudo brasileiro apontou possíveis novos caminhos no manejo de um tipo de periodontite, indicando que há uma melhor resposta imune quando a inflamação é enfrentada com uma combinação de exercício físico e suplementação de ômega-3.
Publicado na revista Scientific Reports no primeiro semestre, o trabalho foi conduzido na Faculdade de Odontologia de Araçatuba da Universidade Estadual Paulista (FOA-Unesp) e realizou os testes em ratos. Ou seja, mais estudos são necessários para extrapolar os achados para seres humanos.
O trabalho teve como foco o tratamento da periodontite apical, uma inflamação que ocorre no chamado ápice do dente (a ponta da raiz dentária) e nos tecidos ao seu redor. Relacionada a infecções bucais, como a cárie, a periodontite pode levar à perda dos dentes e a problemas mais graves no corpo todo se não for adequadamente tratada.
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Como foi feito o estudo
Para chegar aos resultados, os pesquisadores compararam três grupos de ratos, que tiveram a periodontite apical induzida pela exposição da polpa de alguns dentes: um grupo de controle, que não foi submetido a tratamentos específicos, outro grupo que fez apenas a atividade física, e outro que, além do “exercício”, também recebeu suplementos de ômega-3.
O protocolo de atividade física consistiu em natação, com os ratos sendo colocados na água para nadar ao longo de 60 minutos diários, cinco vezes por semana, ao longo do período de acompanhamento.
O grupo controle teve os piores resultados. Por outro lado, embora já tenha havido uma resposta positiva naqueles que apenas fizeram a atividade física, os números foram ainda mais animadores quando houve uma terapia de exercício combinado com o ômega-3.
Nesses ratos, a progressão das bactérias foi limitada, ao mesmo tempo em que houve menor perda de tecido ósseo, uma modulação da liberação de citocinas pró-inflamatórias, e uma maior atividade das células que criam e mantêm os tecidos, conhecidas como fibroblastos.
Como interpretar os resultados
A pesquisa traz novos elementos a favor da atividade física e da suplementação nutricional para o tratamento da periodontite, mas os achados não devem ser extrapolados para seres humanos.
Mesmo em populações de roedores, uma limitação importante do estudo é que foram utilizados apenas ratos machos. Quando se trata de fêmeas, há diferenças na forma como elas nadam e na resposta de citocina, o que indica a necessidade de estudos complementares para verificar se a resposta muda de acordo com o sexo do animal.
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O estudo também considerou apenas os aspectos locais da periodontite, sem observar marcadores sanguíneos para avaliar a resposta ao exercício físico e à suplementação de ômega-3.
É preciso, portanto, aprofundar o conhecimento nos testes envolvendo animais antes de avançar para estudos que permitiriam aplicar uma técnica semelhante em seres humanos. Uma vez atingida essa etapa, também são exigidas pesquisas próprias para entender quais regimes de treino e dosagens de suplementação seriam efetivas para ajudar no manejo da periodontite em uma pessoa.
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