Reduzir o consumo de açúcar é uma questão de saúde pública.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil está entre os maiores consumidores mundiais de açúcar por pessoa, com cerca de 80 gramas diariamente. A recomendação da organização é de, no máximo, 50 gramas por dia.
Nesse contexto, muita gente busca alternativas para diminuir esse ingrediente. O adoçante é o caminho mais óbvio, porém cada vez mais pessoas têm buscado outros tipos de açúcar fora o branco refinado, como demerara, mascavo, de beterraba e o tão famoso açúcar de coco.
Esse último tem ganhado destaque por diversas alegações da indústria: funcional, natural, menor índice glicêmico, menos calórico, etc.
Mas será que ele é tudo isso mesmo? Desvendamos!
+Leia Também: Zerar o açúcar da dieta é a melhor opção para emagrecer?
O que é e como é feito
Enquanto o açúcar branco refinado vem da cana-de-açúcar, o de coco é extraído da seiva da flor do coqueiro, que é colhida, desidratada e cristalizada.
Ele, de fato, passa por menos etapas de processamento, o que contribui para a fama de “mais natural”. Mas, nesse caso, isso não faz tanta diferença.
“Do ponto de vista técnico, ele continua sendo um açúcar e não há evidência suficiente para classificá-lo como funcional no sentido clínico do termo. O fato de o açúcar de coco ter um processamento reduzido não elimina o risco associado ao consumo excessivo de açúcares”, explica a nutricionista Carla Calego, vice-presidente do Conselho Federal de Nutrição (CFN).
+Leia Também: Por que a sua dieta precisa de mais fibras e menos açúcar
O açúcar de coco é mais saudável que o açúcar branco refinado?
Por ter menos processamento, ele preserva alguns micronutrientes.
“Há presença residual de vitaminas e minerais, como ferro, zinco, potássio, além de alguns antioxidantes e um tipo de fibra chamada inulina, que pode ter efeito positivo no controle glicêmico quando associado a uma alimentação saudável.”, afirma Carla.
Mas ela ressalta que, do ponto de vista nutricional, ambos são açúcares simples e devem ser consumidos com moderação. Lembrando que os nutrientes do açúcar de coco estão em quantidades muito pequenas, que não justificam um consumo maior.
“Ele não pode ser considerado significativamente mais saudável, e sim uma variação com leve valor agregado”, define a nutricionista.
+Leia Também: Frutas secas: benefícios (e açúcares) concentrados
Açúcar de coco tem baixo índice glicêmico?
O Índice glicêmico (IG) é uma medida que indica a velocidade com que um alimento eleva a glicose (açúcar) no sangue após ser ingerido.
Se o IG é alto, pode provocar o chamado pico de glicose, que o corpo responde liberando mais insulina, hormônio responsável por fazer a glicose entrar nas células e diminuir o açúcar no sangue.
De forma resumida, picos frequentes ou exagerados de insulina por dia estão relacionados a um maior risco de diabetes tipo 2 e até ganho de peso, por isso alimentos com menor índice glicêmico são valorizados.
Segundo Carla, há estudos que sugerem que o açúcar de coco tem um índice glicêmico (IG) menor do que o açúcar refinado.
“No entanto, é importante destacar que esses valores podem variar conforme o método de produção e a individualidade metabólica de cada pessoa”, alerta a vice-presidente do CFN.
Na verdade, uma alimentação equilibrada é a melhor forma de controlar seu índice glicêmico. Açúcar moderado ao lado de fibras, proteínas e gorduras não faz mal algum ao organismo.
+Leia Também: O equilíbrio na vida começa com a alimentação
Açúcar de coco é menos calórico?
Não.
“Em média, uma colher de chá de qualquer um desses açúcares fornece cerca de 15 a 20 calorias”, afirma Carla.
+Leia Também: Macarrão sem carboidrato tem menos de 10 calorias por porção
Vale a pena trocar açúcar branco por açúcar de coco?
Isso é algo individual, e está muito mais relacionado à disponibilidade, preço e sabor que a fator nutricional.
Independente do açúcar, o importante é reduzir o acréscimo desse ingrediente nas refeições.
“Trocar o açúcar branco pelo de coco não traz benefícios significativos para quem busca emagrecimento ou melhor qualidade da dieta. O foco deve estar em uma alimentação saudável e equilibrada, conforme as recomendações do Guia Alimentar Para a População Brasileira, do Ministério da Saúde”, completa a nutricionista.
Compartilhe essa matéria via: