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De acne a infertilidade: 5 doenças associadas à síndrome do ovário policístico



A síndrome do ovário policístico (SOP) é uma condição que afeta de 6 a 13% das mulheres em idade fértil, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

“A síndrome do ovário policístico é caracterizada pelo aparecimento de múltiplos cistos no ovário, associados a uma maior produção de  hormônios masculinos, que levam a uma série de outros sintomas, como a irregularidade menstrual e o crescimento de pelos e oleosidade da pele”, explica Maurício Chehin, ginecologista e especialista em reprodução humana da clínica Huntington (SP).

A SOP costuma aparecer ainda na adolescência e é uma doença crônica, ou seja, que precisa de cuidados pelo resto da vida. “Para controlar os sintomas, é necessário aderir a bons hábitos, prezando por uma boa alimentação e atividade física regular, e ao uso de medicamentos orientado por um médico, quando necessário”, orienta Chehin.

Além dos sintomas mais aparentes, há condições de saúde mais complexas que podem estar associadas a esta que é a doença hormonal mais comum entre mulheres em idade reprodutiva.

Abaixo, confira as principais encrencas ligadas à SOP:

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1. Acne

O excesso de espinhas bem como o de pelos ou até mesmo a queda de cabelo decorrente da SOP — pode ser explicado pelo aumento da produção de androgênios, que são mais conhecidos como hormônios masculinos.

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“As mudanças hormonais ocorrem por um desequilíbrio no eixo hipotálamo-hipófise, que é uma região cerebral responsável por coordenar a produção de diversos hormônios”, explica o ginecologista.

Em quem tem SOP, há uma maior liberação do hormônio luteinizante, que ajuda a produzir androgênios em homens e mulheres. Por conta desse excesso, o corpo vai mudando e a pele fica mais oleosa, predispondo à acne. 

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2. Resistência à insulina

A desregulação dos hormônios sexuais também pode levar a um desequilíbrio em outros hormônios, como a insulina. “A resistência à insulina é a alteração metabólica mais comum entre mulheres com SOP”, afirma Chehin.

A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas para normalizar os níveis de glicose no sangue. No entanto, nas mulheres com a síndrome, as células não respondem tão bem a ele. O pâncreas tenta compensar produzindo mais, mas isso acaba gerando maior resistência ao hormônio.

“Além disso, quando há mais insulina, o que acontece é que a mulher começa a ter uma tendência muito grande a ganhar peso. E, quanto mais ela ganha, maior é a resistência à insulina e o risco de desenvolver diabetes“, esclarece o médico.

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3. Doenças cardiovasculares

O aumento do risco de problemas no coração e em veias e artérias é um desdobramento do ganho de peso e da resistência à insulina que pode ser desencadeada pela SOP.

A SOP representa o maior grupo de mulheres jovens de alto risco para o possível desenvolvimento de doença cardiovascular, a qual pode ser diagnosticada muitos anos antes do início dos sintomas”, conclui uma revisão publicada em 2024 por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

“São alterações metabólicas que aumentam o nível de gordura visceral e podem levar ao diabetes, o que promove um quadro inflamatório que pode levar a problemas cardiovasculares no longo prazo, como infarto e AVC“, descreve Chehin.

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4. Infertilidade

Cerca de 40% das mulheres com SOP têm dificuldade para engravidar. A principal razão para isso está ligada ao fato da ovulação ser irregular e, às vezes, até mesmo ausente.

“Por isso, nesses casos, a paciente vai precisar passar por um tratamento para estimular a liberação de óvulos pelo ovário”, explica o especialista em reprodução humana. “Entre as opções, há tratamentos de baixa complexidade, como o uso de medicamentos via oral e injetáveis, e terapias mais complexas, como a fertilização in vitro.”

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Outros aspectos que podem também diminuir as chances de engravidar são a pré-existência de resistência insulínica e de doenças cardiovasculares associadas à SOP. “Esses são também fatores de risco que devem ser bem controlados durante a gravidez, para evitar perdas e diabetes gestacional“, alerta o médico.

5. Câncer de endométrio

A síndrome do ovário policístico não tem nada a ver com o desenvolvimento de câncer no ovário, mas estudos mostram que a desregulação hormonal da síndrome pode aumentar em até três vezes o risco de malignidade em uma região próxima: o endométrio.

O endométrio é um tecido que reveste o interior do útero e, mensalmente, descama e é eliminado na menstruação.

“A SOP não aumenta apenas os níveis de androgênios [hormônios masculinos], como também os de estrogênios que predispõem a mudanças corporais, como o aumento de peso. E o que sabemos é que a obesidade é um fator de risco importante para o surgimento do câncer de endométrio”, esclarece Chehin.

Mas há também uma segunda justificativa para essa relação entre a SOP e o câncer de endométrio, e ela está ligada aos desequilíbrio na produção de outro hormônio.

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“A mulher com SOP produz menos progesterona, que é um hormônio liberado principalmente após a ovulação. Se ela não ovula, ela não têm uma produção ideal de progesterona e apenas o estrogênio se prolifera pelo endométrio, o que dificulta a liberação e renovação desse tecido, eliminado na menstruação”, explica.

Isso, a longo prazo, pode aumentar o risco de tumores no interior do útero, principalmente após a menopausa.

O câncer de endométrio é o oitavo mais incidente entre as brasileiras e, segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca), 7,8 mil novos casos serão diagnosticados neste ano em todo o país.

Informar para prevenir

Setembro é o mês de conscientização sobre a síndrome de ovários policísticos e também de tumores ginecológicos. Estes últimos ganharam uma campanha nacional chamada Setembro em Flor.

Criada pelo Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA), a iniciativa destaca a importância de fazer um acompanhamento ginecológico regular para evitar o surgimento dessas doença e para que, caso elas apareçam, sejam tratadas precocemente, aumentando as chances de cura.

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A campanha também luta pela dignidade e pelo acesso às terapias para as pacientes oncológicas.

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