Convulsões são crises que podem causar muita apreensão à primeira vista, especialmente se você nunca testemunhou uma situação assim anteriormente.
Apesar do susto, grande parte desses episódios – que costumam vir associados a transtornos de epilepsia – não representam riscos sérios à saúde. O principal cuidado é imediato: evitar que os espasmos façam com que a pessoa se machuque, seja na queda ou ao bater em objetos ao seu redor.
Por isso, entender como enfrentar uma crise dessas é fundamental para que os primeiros socorros não exponham um paciente a mais riscos do que a própria convulsão em si. Saiba mais o que fazer nessas situações.
O que são as convulsões
A convulsão é um evento cerebral relativamente comum. Estima-se que até 10% da população possa ter algum distúrbio caracterizado genericamente como epilepsia, que pode ocorrer em momentos variados da vida.
Nos tipos mais conhecidos popularmente, a convulsão é marcada por movimentos musculares involuntários e espasmódicos. São as chamadas crises tônico-clônicas.
No entanto, distúrbios epiléticos também podem envolver as chamadas crises focais, em que não necessariamente há perda de consciência ou impactos físicos tipicamente associados a um episódio convulsivo.
Mas atenção: as convulsões não ocorrem relacionadas apenas à epilepsia. Embora os casos crônicos costumem ter relação com transtornos epiléticos, também é possível ter convulsões em situações pontuais, como febre alta, abstinência de álcool ou drogas, infecções, tumores cerebrais, desequilíbrios metabólicos, entre outros motivos.
Por isso, quem nunca teve uma convulsão antes precisa procurar ajuda médica para obter um diagnóstico que explique a origem do quadro.
+Leia também: Epilepsia: o curto-circuito tem conserto
Primeiros socorros: o que fazer durante a crise convulsiva
A Epilepsy Society, entidade britânica que atua pela conscientização em torno do tema, sugere lembrar da sigla CCC em situações do tipo: as letras são as iniciais em inglês para calm, cushion, call; em tradução livre, seria algo como “mantenha a calma, acolchoe e chame alguém”.
A mensagem é também a orientação básica para enfrentar uma convulsão em outra pessoa:
- Não se desespere e faça o possível para que outros observadores ao redor também fiquem calmos;
- Afaste quaisquer objetos que podem ferir quem está em meio à crise, remova os óculos caso a pessoa os utilize, e coloque algo para proteger a cabeça dela de batidas no chão (se não tiver uma almofada ou travesseiro, pode ser até uma peça de roupa ou suas próprias mãos);
- Chame ajuda profissional, como o SAMU pelo número 192, ou acione o contato de emergência da pessoa, caso você saiba. Algumas pessoas com histórico conhecido de convulsões podem usar pulseiras que trazem essas informações; vale verificar.
Além desses cuidados, lembre-se sempre de ficar perto da pessoa durante a crise, mas sem restringir seus movimentos, e protegendo-a da interferência de curiosos ao redor. Caso você pegue uma crise convulsiva ainda no início, quando a pessoa não caiu no chão, tente ajudá-la a buscar uma posição confortável e segura.
No caso das chamadas epilepsias focais conscientes, em que o paciente fica em um estado de confusão, mas não chega a perder a consciência, ajude a guiar a pessoa para longe de uma situação de perigo. Faça isso de forma cuidadosa, sem restringir os movimentos nem tentar “despertá-la” do estupor.
O que não fazer
O senso comum consagrou algumas técnicas equivocadas para lidar com crises convulsivas, que devem ser evitadas. Lembre-se:
- Nunca restrinja os movimentos da pessoa durante a crise convulsiva, o que pode machucá-la;
- Não tente acordar a pessoa;
- Não ofereça nenhum tipo de bebida ou alimento até a recuperação completa. Ingerir algo pode ocasionar engasgos e dificuldades respiratórias;
- Mesmo diante dos temores de que a pessoa morda a língua, evite colocar algo na boca durante a crise, algo que pode ferir os dentes e causar problemas mais sérios.
Cuidados após a crise
Fique com a pessoa até ela estar recuperada e alerta novamente. Quando isso ocorrer, explique o que aconteceu e se ofereça para chamar algum conhecido ou levá-la a algum lugar com segurança.
Mantenha a atenção a quaisquer outros sinais de que a recuperação não ocorre da melhor maneira, como dificuldades respiratórias, algum ferimento que tenha ocorrido na queda ou um estado de confusão prolongado, mesmo após recobrar a consciência.
Caso não tenha feito isso antes, acione imediatamente um serviço de emergência, especialmente se a pessoa nunca teve um episódio prévio de convulsão ou se ela voltou a ter uma nova crise convulsiva logo na sequência.
Pessoas que nunca tiveram uma convulsão antes e não contam com um diagnóstico para o problema precisam passar por avaliação médica para entender a origem da crise.
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