A aplicação de toxína botulínica em rugas dinâmicas é um dos procedimentos estéticos mais consagrados na dermatologia.
“Desde que o tratamento com botox existe, ele nunca saiu de moda, porque é inquestionável”, crava a médica Lilia Guadanhim, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
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Só que, de tão popular, versões adulteradas e falsificadas têm circulado pelo mercado, com notícias de recolhimentos de lotes feitos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Entenda, a seguir, quais são os riscos disso e como detectar problemas.
Como o botox funciona e quais os cuidados
Originalmente produzida pela bactéria Clostridium Botulinum, a substância impede a liberação de um neurotransmissor, que participa da comunicação entre os neurônios e os músculos. Isso bloqueia a ordem para a contração muscular e tira de cena a ruga.
O Botox é indicado especialmente para as linhas incômodas na testa, os pés de galinha, marcas no pescoço ou mesmo aquelas que aparecem quando a pessoa sorri ou franze o nariz.
A fama e a garantia de eficácia do procedimento, no entanto, não o blinda de cuidados básicos. Os efeitos colaterais comuns das injeções incluem hematomas temporários, inchaço, vermelhidão e dor no local da injeção.
Para minimizar isso, o profissional precisa entender a anatomia facial, o padrão de contração no rosto, qual a dose adequada, com que profundidade será administrada, entre outras variáveis que garantem um bom resultado.
E outro ponto muito importante: o produto aplicado precisa ser der de boa qualidade. Sempre.
O perigo da falsificação de botox
Não é de hoje que lotes com toxina botulínica adulterada são apreendidos pela vigilância sanitária.
Mês passado, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determinou a apreensão de produtos da marca Dysport. A medida, aplicada apenas ao lote W13035, é pelo fato de o botox não ter sido produzido pela Beaufour Ipsen Farmacêutica Ltda, empresa que tem o registro no Brasil. E isso abre margem para um produto adulterado.
“O botox verdadeiro contém a toxina botulínica tipo A purificada em doses exatas, estabilizada com substâncias seguras“, explica a médica dermatologista Claudia Marçal, também membro da SBD.
“O teor do falsificado pode variar muito. Em alguns casos, até contém toxina, mas sem controle de dose ou pureza. Em outros, é apenas um líquido adulterado sem efeito real. Ou seja, pode não funcionar ou causar intoxicação grave“, alerta.
A dermatologista explica que, ao contrário do produto original, cujos riscos são previsíveis, com o falsificado eles são totalmente incertos. “Isso abre margem para reações graves: desde falha completa no efeito até complicações sérias, como inflamações, necrose da pele, infecções, paralisias em áreas não desejadas e até risco respiratório em situações extremas”, pontua.
Sinais de alerta de adulteração
Não é papel do paciente garantir a procedência do produto que o profissional está utilizando. Mas, infelizmente, hoje é preciso ter atenção redobrada.
Aqui vão algumas dicas que podem indicar falsificação:
1. Registro do profissional
A confiança em quem irá fazer a aplicação é primordial. Confira sempre se o profissional tem registro e está apto a aplicações injetáveis. De preferência, que seja um médico dermatologista ou cirurgião plástico.
2. Preço muito abaixo do mercado
“A toxina original tem custo elevado devido ao processo de produção e importação. O barato, nesse caso, pode custar caro para a saúde”, afirma Marçal.
3. Estrutura precária do local
Não realize aplicações em um ambiente improvisado, sem assepsia, como salões, residências ou academias. Busque sempre uma clínica apta a isso.
4. Condições estranhas do produto
Frascos sem lacre ou sem bula em português, produto fora de refrigeração, solução turva ou com partículas após reconstituição (o correto é límpido), tudo isso pode indicar uma falsificação.
Lembrando que a embalagem do produto deve conter o nome do fabricante, número de registro na Anvisa, número do lote e data de validade e condições de armazenamento. “O paciente pode consultar o número do lote diretamente no site da Anvisa para confirmar a regularidade do produto”, informa a dermatologista.
5. Falta de transparência durante a aplicação
“Estranhe aqueles profissionais que não mostram a embalagem do produto e não falam informações claras sobre a marca utilizada”, indica Marçal.
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